domingo, 17 de outubro de 2010

- Alimentação para Peixes

Um dos fatores determinantes na adaptação dos peixes ao cativeiro é disporem de uma alimentação adequada, para que vivam em boa saúde, cresçam rapidamente e se reproduzem bem, é necessário sermos criteriosos na sua alimentação. Para isso, há que se considerar os hábitos alimentares de cada espécie. Alguns deles preferem deixar-se morrer de fome a tocar em comida que não seja do seu agrado. Temos os herbívoros, que se alimentam essencialmente de vegetais, os carnívoros, que comem outros animais, e os omnívoros, que apresentam um tipo de alimentação mista. É necessário termos também em conta a zona do aquário em que o peixe vive e se alimenta: junto ao fundo, à meia água ou à superfície. Devemos alimentar os nossos peixes pela manhã e pela tarde, não sendo aconselhável dar-lhes de comida durante a noite, à não ser para os peixes de hábitos noturnos.


RAÇÃO
Trata-se de misturas alimentares especialmente estudadas de modo a oferecer uma dieta equilibrada para a maioria dos peixes. Temos 3 exemplos de ração: floco, tablete e granulada. Logo aqui surge o problema de muitas espécies se recusarem a comer esse tipo de alimento. Apesar de não ser tão apreciada pelos peixes, são de um ótimo desempenho nutricional, o que garante um bom rendimento orgânico aos peixes. Por outro lado, os restos de comida da refeição apodrecem rapidamente, tornando-se num foco de poluição no aquário. Para evitar que isso aconteça, devemos calcular a quantidade de ração de modo a que esta seja totalmente consumida em 5 minutos. 

Os alimentos secos são utilizados apenas como complemento, não devem constituir a base alimentar de nossos peixes.A aveia deve ser dada previamente molhada, pois sêca tende a inchar no estômago dos peixes, podendo provocar desligamento dos tecidos internos. Alimentos vivos e de origem animal congelados devem sempre estar presentes na dieta deles.

ARTÊMIA SALINA
São camarões recém-nascidos de água salgada. Pode-se encontrar em lojas especializadas já nascidas e congeladas. Nesse caso, tira-se uma pequena quantidade e deixa-se descongelar até ficar com a temperatura aproximada da água. É um dos alimentos mais apreciados pelos peixes.
A aparência da artêmia depende do tipo de alimentação dela. Sua coloração varia conforme a nutrição e seu habitat. Artêmia vermelha é consequência da alta salinidade do ambiente, ela é mais popular e atrativa na forma viva. Porém sua nutrição é incompleta e não bem balanceada como a artêmia colhida em ambiente de menor salinidade. Esta tem coloração esverdeada ou marrom, é rica em proteínas, lipídeos, ácido-graxo altamente insaturados e pigmentos que realçam as cores dos peixes tropicais. No desenho, temos uma artêmia macho (na esquerda) e uma fêmea (na direita). As principais diferenças são a visível formação das garras dianteiras no macho e na fêmea nota-se a formação dos ovos na base da futura cauda. Medem aproximadamente 4mm.
Têm a particularidade de os seus ovos poderem ser guardados sêcos durante muito tempo, só eclodindo quando encontram de novo condições favoráveis, ou seja: água salgada. Pode ser feita em um pequeno aquário ou mesmo em uma garrafa de 2L com água salgada e um aerador de pedra porosa. Pode ser água do mar ou água doce com 40g de sal por litro. Adiciona-se uma colher de chá de ovos por litro, ligue o aerador e espere a eclosão, que ocorre entre 24 e 48 horas à uma temperatura de 25°C. Desligando-se o ar, podemos ver as larvas de cor rosada, nadando a meio da garrafa. Sinfona-se a água com as larvas, mediante um tubo plástico fino, para dentro de uma rede de malha bem fina para evitar que a água salgada modifique as condições da água do aquário e dê aos peixes. Devem ser dadas em quantidades suficientes apenas para que sejam comidas no mesmo dia, evitando que morram, pois duram apenas algumas horas dentro do aquário. 

DÁFNIAS
São muito apreciadas pelos peixes. São pequenos crustáceos, fácil de encontrar em charcos ou lagoas de águas ricas em matérias orgânicas. Não excedem 4mm quando adultas, reproduzindo-se com facilidade, mesmo em cativeiro. Devem ser jogadas vivas no aquário, mas não em quantidade excessiva, pois são grandes consumidoras de oxigênio. Podemos criá-las em casa, bastando para isso preparar dois ou mais aquários (com ou sem plantas) de aproximadamente 15 litros ou tanque ao ar livre, colocar neles uma ou duas dezenas de dáfnias e alimentá-las bem. Alimentam-se principalmente de algas microscópicas, infusórios e excremento de caramujos. A razão de dois ou mais aquários é evitar que todas desapareçam no caso de uma epidemis. Se bem alimentadas, dentro de alguns dias, teremos uma boa provisão delas.

CYCLOPS
Quando adultos têm o tamanho de 2 a 3 mm. O seu nome não vem do seu tamanho, mas sim por possuírem um só olho, como o gigante mitológico. Possuem apenas antenas que servem como órgãos táteis e sensitivos. Ótimo alimento, embora alguns criadores tenham relatado que os adultos podem atacar os alevinos e mesmo pequenos peixes. O melhor é dar-lhes somente as larvas, denominadas nauplius. Embora essa informação não tenha sido comprovada, fica aqui a informação. Os nauplios, com aproximadamente 1mm de comprimento, constituem um ótimo alimento para os alevinos. Geralmente, seu habitat é junto com as Dáfnias e podem ser cultivados como elas, porém não são tão abundantes quanto elas.

MINHOCAS
Sob este nome são conhecidas popularmente duas espécies: a minhoca da terra, que se pode encontrar em qualquer jardim; e a minhoca do lodo, que é usualmente empregue para a pesca no mar. Constituem um bom alimento, podendo ser dadas aos peixes cortadas conforme o tamanho de suas bocas. Sua carne é proteína quase pura (76%). Além disso, seu excremento (húmus) é um excelente fertilizante para as plantas. O húmus produzido por elas tem 5 vezes mais cálcio, 2 vezes mais magnésio, 7 vezes mais fósforo e 11 vezes mais potássio que o solo de onde elas são extraídas. Sabendo utilizá-las poderão trazer ótimos benefícios ao aquário.

TUBIFEX
O Tubifex rivulorum, é um pequeno verme de cor avermelhada medindo de 1 a 5cm de comprimento por 0,5cm de espessura, muito semelhante a uma minhoca (ambos pertencem à classe Oligochaeta). Vivem meio enterradas no lodo, em pequenos tubos feitos por eles, deixando de fora parte do corpo, que se agita sem cessar. Habitam cursos de água com elevada poluição orgânica. São altamente nutritivos e muito apreciado pelos peixes, mas tem o grave defeito de elimar um ácido junto com as fezes, o que pode baixar o pH da água. Por isso, deve ser lavado bastante em água corrente e posto em pequenas quantidades no aquário, para ser comido o mais rapidamente possível, e de preferêcia em comedouros especiais flutuantes, dos quais vai saindo aos poucos, sendo logo comido pelos peixes. Jamais devem ser dados depois de mortos, a menos que seja segundos antes de dá-los cortados aos peixes, pois se decompõem rapidamente e podem causar mal-estar. Devem ser dados com cautela, pois são excessivamente ricos em matérias graxas. Além de ser um alimento "pesado", a captura em seu habitat natural não é aconselhável pois são portadores de micróbios e podem trazer doenças ao ser dado aos peixes. Já existe no mercado, rações à base de Tubifex, por isso aconselho que seja adquirido apenas tubifex industrializado por não ter risco de contaminar nossos peixes.

LARVAS DE MOSQUITO
Para fazer o seu cultivo, basta colocar um recipiente cheio de água num jardim ou em qualquer outro lugar a céu aberto. Os mosquitos irão pôr seus ovos e em 8 ou 10 dias nascerão as larvas. Mantém-se em posição oblíqua, com a cabeça para baixo e os tubos respiratórios à superfície. Mergulham à menor vibração da água, mas passado algum tempo tem de regressar de novo à superfície para respirar. Constituem um bom alimento para os peixes, especialmente aqueles que se alimentam junto à superfície. É uma comida disponível durante quase todo o ano, mas devido à crescente multiplicação dos casos de dengue, não se deve arriscar esse tipo de cultivo. Caso você queira experimentar produzir este "aperitivo", logo após o surgimento das larvas, deve tampar a boca do recipiente com uma tela que impeça que a larva fuja após virar mosquito. Caso isso ocorra, você poderá facilmente eliminar o possível portador de doenças. Em forma de larvas são inofensivas e não trasmitem doenças nem para nós nem aos peixes.

MICROVERMES
Da espécie Anguilula silusiae, os microvermes são pequenos vermes bracos, de forma cilíndrica, que alcançam no máximo 3mm de comprimento e são muito ricos em proteínas e gordura, tornando-se uma excelente opção para alevidos após a segunda semana de vida. Para criação, deve-se utilizar recipientes com uma camada de carvão mineral, uma de aveia sobre o carvão e água sem cloro até 3mm acima da superfície da aveia. Em seguida, colocam-se as matrizes no recipiente. Para evitar mosquitos, é necessário o uso de uma tela, ou algo que cubra a criação. A fêmea reproduz com a ausência do macho e em poucas semanas podem ser vistos os vermes subindo pelas paredes do recipiente. À medida em que isto ocorre, eles podem ser coletados com uma lâmina fina, de forma a não pegar aveia, apenas os animais. Quando os vermes começarem a parar de subir, devemos acrescentar mais aveia. Esta deve ser acrescentada apenas umas três vezes em cada cultura. Após isto, é aconselhável iniciar uma nova, utilizando uma porção da antiga como matriz da nova. Culturas muito antigas tendem a não suprir as necessidades chegando até a morrer. Excelente alimento para filhotes e adultos.

ENQUITRÉIAS
A enquitréia (Enchytraeus albidus) é um verme branco e cilíndrico de aproximadamente 1,5cm de comprimento (macroverme), parecido com uma minhoquinha e bastante apreciado pelos peixes em fase adulta. São muito fáceis de criar em casa e consistem num ótimo aliemento para o peixe. Enquitréias se desenvolvem em qualquer tipo de solo. No Brasil, costuma-se utilizar carvão ativado, usado. Folhas em decomposição e húmus de minhoca ajudam a tornar o "meio". Em uma caixa qualquer de isopor ou madeira entre 15 e 60 cm de comprimento, com 15 a 30 cm de largura e uns 10 a 15 cm de profundidade, com tampa para bloquear a luz e manter predadores fora. Encha a caixa até 2/3 da altura. Molhe o "meio" até que esteja razoavelmente úmido. Disperse um pouco de alimento, tal como aveia, na superfície. Coloque a cultura inicial de enquitréias. Tampe a caixa com uma placa de vidro. De preferência, deixe-a em local escuro e fresco. São sensíveis ao calor e sua temperatura ideal é de 15°C, se ultrapassar os 21°C elas não resistem e morrem.Podemos alimentá-las com aveia molhada, pão umedecido com leite, batata cozida em rodelas, feijão cozido com casca ou qualquer outro cereal desde que esteja bem molhado. Não devemos dar comida em excesso para evitar que a terra vegetal se acidifique. Em uma boa cultura, as enquitréias vão se acumular, em massa, na superfície do solo. Há quem coloque lâminas de vidro ali parcialmente enterradas, para as colher mais facilmente. Não retire as enquitréias no primeiro mês de cultura, para que a colônia se desenvolva plenamente, evitando a concorrência de outros interessados no alimento. Geralmente, seis semanas após o início da cultura já se reproduziram em quantidade suficiente e já podemos começar a colher para dar aos peixes. 
Os peixes são muito vorazes ao consumo de enquitréias, no entanto este tipo de alimento deve ser ministrado apenas 2 ou 3 vezes por semana pois, devido ao alto teor de gordura, o consumo diário pode acarretar prejuízos à saúde devido ao acúmulo de gordura entre os ósgãos internos do peixe guloso tornando-o obeso. É aconselhável lavá-las bem em água corrente antes de as colocarmos em aquários. 

ORIGEM VEGETAL
Para as espécies que necessitam de uma base vegetal em sua dieta, o ideal é fornecer-lhes folhas de alface ou espinafre, as quais se passam rapidamente por água a ferver, para que fiquem mais macias. Devem ser dadas bem picadas, com pedaços proporcionais a boca do peixe. Se necessário, triturar no liqüidificador. Ou ainda, segundo um método mais natural: introduz-se uma pedra em um recipiente cheio de água. Depois, ponha o recipiente em local bastante iluminado. Desenvolvem-se rapidamente sobre a pedra algas verdes e filamentosas. A pedra é então introduzida no aquário e substituída por outra.

ORIGEM ANIMAL
Pode ser congelada. A vantagem dos alimentos congelados é que você tem sempre a mão, e também tem um valor nutritivo alto, principalmente os patês. Deve-se no entanto ter o cuidado de, antes da distribuição, deixar descongelar, e mesmo procurar que a temperatura esteja próxima a da água do aquário. As mais utilizadas são: peixe, camarão descascado, ovas de peixe, coração de boi ou de peru. Devem ser dadas cruas e cortadas em pedaços proporcionais à boca dos peixes. Dispomos ainda de carne crua, raspada fininha; fígado fresco, passado no liquidificador e cozido no banho-maria até sua coagulação, para não turvar a água.
  
INFUSÓRIOS
Para os peixes recém-nascidos, podemos usar vários tipos de alimentação: gema de ovo bem cozida e diluída em água, dada com conta-gotas algumas vezes por dia em pequenas quantidades para evitar que a água se turve; leite em pó, também em pequenas quantidades; infusórios, que podem ser dados gota a gota; e camarões recém-nascidos, de uma espécie diminuta. Os infusórios são micro-organismos, alguns grandes o bastante para poderem ser vistos a olho nu. Estão em toda parte, como as bactérias, mas não em quantidade suficiente para alimentar os nossos peixinhos. Podemos obtê-los em massa, bastando para isso preparar alguns recipientes com água "velha", tirada de um aquário e adubada com alguns pedaços de alface, lentilha de água, ou qualquer tipo de folhagem que se deixou secar ao sol por uns 2 dias e deixar o recipiente am um lugar escuro. Em poucos dias a água estará cheia de infusórios, podemos tirá-los com uma colher e dá-los aos peixes. Uma colherada desta cultura deve conter algumas centenas desses pequeninos seres, que são a alimentação de todos os alevinos nos seus primeiros dias de vida. Geralmente não se consegue, nas primeiras vezes, saber qual a quantidade certa de vegetal que nos dê infusórios, e não uma água podre e em rápida decomposição. A prática leva ao acerto.

      
  

2 comentários:

Unknown disse...

Meus parabéns por todos os topicos são muitos instrutivos e importantes para um bom desenpenho
parabéns !
estou aguardando falar um pouco dos DISCUS.

Dudo disse...

Olá, que bom que gostou do nosso blog e que ele esta ajudando.
Bom como solicitado postamos uma pagina sobre discus. Espero ter ajudado e qualquer duvida é só falar.