sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

- Água

Parâmetros da água

A concentração total de sais, o pH e a temperatura da água do aquário são fatores determinantes para o bem-estar dos peixes. Para todo aquarista está claro: animais recém adquiridos devem ser adaptados ao seu novo ambiente de forma gradual . Mas por quê?

A concentração total de sais tem papel fundamental. Ela se fundamenta na equalização osmótica (mecanismo para o nivelamento do equilíbrio entre a água e os sais no organismo). A salinidade (concentração de sais) das águas de origem dos peixes ornamentais é muito variável, contudo relativamente estável. Os peixes, no decorrer de milhões de anos de evolução, se adaptaram à salinidade dos seus respectivos habitats. Por isso não precisam se preocupar com a salinidade da água em que vivem, nem do próprio corpo.

Este esforço fica então mais complicado, quando a água em volta dos peixes de água doce tenta entrar no corpo. Como isso ocorre? O responsável por isso são os equilibristas naturais, as membranas semi-permeáveis, que seguram altas concentrações de líquidos. No exemplo dos peixes a água em volta sempre migra na direcção das altas concentrações, afim de dilui-las. Esse acontecimento é conhecido como Osmose. Membranas semi-permeáveis permitem a passagem de água, mas não de íons NaCl. Quanto maior for a diferença na concentração interna da externa, tanto maior será a força da movimentação do líquido na direcção da maior concentração. Essa força é mensurável e é conhecida como pressão osmótica. Os peixes precisam lidar com essa situação com seu sistema osmoregulador de uma forma ou de outra. Ainda que para eles seja mais vantajosa e menos penosa uma situação de aumento na salinidade do que o contrário.

As membranas das guelras têm paredes muito finas e por isso garantem uma superfície especialmente grande afim de permitir a absorção de grandes quantidades de oxigénio nos capilares circulatórios. Por isso são também os pontos de maior atrito com o meio externo, além da mucosa interna da boca e narinas. Mesmo assim o organismo perde constantemente sais corporais A passagem constante de água por esses locais é compensada por rins de excelente capacidade, que sempre liberam urina diluída. Ao mesmo tempo a perda de sal é compensada com moléculas de cloreto nas guelras. Além dessa função, as moléculas de cloreto são também directamente responsáveis pela desintoxicação do corpo. Dessa forma o cloreto é trocado, por exemplo, pelo dióxido de carbono.

A capacidade dos peixes, de se adaptar às condições da água em que se encontram no aquário, depende directamente de seu sistema osmoregulador. Por isso é que concentrações anormais, às quais os peixes não estão acostumados, pode levá-los ao Stress permanente e susceptibilidade a doenças. Por outro lado também somem-se a isso fatores nem sempre evitáveis como Transporte, adaptação à água, etc. que levam ao aumento da osmolaridade (quantidade de partículas diluídas na água) e à sobrecarga do sistema osmoregulador. 



O nível do pH

Identifica o nível de acidez / alcalinidade da água. A escala – que vai de 0 a 14 – é construída em base logarítmica. Isso significa dizer que, se o índice de pH da água cai por exemplo em uma unidade na escala para o lado ácido, estamos falando em um aumento em 10x dos íons dissolvidos na água. Uma queda em duas unidades, significam 100x mais íons, e assim por diante. Imaginem agora o efeito devastador dessa queda sobre os peixes. O valor do pH, no entanto, sozinho não diz nada sobre a qualidade da água. Ele sempre deve ser analisado conjuntamente com CO2 e o KH (dureza dos carbonatos). Esse “sistema de Carbonatos” é que na verdade é o grande tampão dos ácidos e bases da água.

Claro que tão vital quanto medir a dureza total dos sais é medir o pH, porque entre outras coisas ele influencia directamente no organismo dos peixes a absorção do oxigénio e a capacidade de transporte dele pelo sangue, além da troca gasosa na bexiga natatória e nas guelras.

Grandes quedas fisiológicas do pH no sangue têm massivos problemas na circulação do sangue, até o colapso e a consequente morte dos animais. A certeza de se acabar com as oscilações do pH dependem assim das espécies, a sua adaptabilidade natural à água do aquário e até à troca de água que ocorre no metabolismo dos animais. Seja para que lado o pH vá pender, se para o ácido ou para o alcalino, pode levar os peixes respectivamente ou para a doença “ácida” ou a doença da alcalinidade.

Sintomas da “Doença Ácida”

Comportamento
Atitude inquieta, respiração difícil, tiros pelo aquário, saltos, posição oblíqua (com a cabeça na direcção da superfície), cambalear pelo aquário, aparente asfixia até a efectiva morte por asfixia em função da destruição do tecido das guelras.

Aparência externa
O corpo e as guelras estão excessivamente cobertas por muco. O que normalmente é a protecção dos peixes agora auxilia na asfixia e colapso epitelial. Em seguida vem o turvamento e desprendimento do muco. A esta altura o peixe já está infectado por ectoparasitas e irreversivelmente comprometido. No estágio final as guelras apresentam coloração marrom maciça.

Sintomas da “Doença da alcalinidade”

Os sintomas são semelhantes aos descritos acima, porém guelras e nadadeiras ficam completamente corroídas. Estes sintomas ocorrem em aquários que sofrem descalcificação biógena, o que leva o pH para níveis acima de 10. Ela ocorre quando ocorre crescimento exagerado de aquários muito plantados, onde o CO2 é completamente consumido. Se não existir mais Co2 dissolvido na água, o Hidrocarboneto de Cálcio se converte em Ácido carbónico e em carbonato de cálcio indissolúvel, que se nota sob forma de depósitos nas folhas e bordas do aquário. Essa situação deveria ser absolutamente evitada com a introdução de CO2 extra no aquário e relacionamento das plantas do aquário.



Aquarismo

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